Imagem: Vasco Gargalo – Cartoonista português vence concurso internacional sobre trabalho forçado promovido pela OIT
Em Portugal, e na Europa, hoje, chega aos media, as condições deploráveis de trabalhadores imigrantes. Condições que muitos dos nossos passaram no século passado. Como filha de emigrantes, muitas histórias ouvi, na primeira pessoa. Muita dor, muita fome, muito frio. E sobretudo, muita miséria humana de trato hediondo de racismo e xenofobia.
Em Africa continuamos a ver a escravatura tanto a nível de minerações, como o trato dos nossos lixos depositados como se fossem países-lixeiras dos nossos consumismos. Já quase não se fala neste, simplesmente porque não queremos abdicar do nosso modo de vida.
Na Ásia, um novo tráfego humano surgiu. A escravatura digital. Quem alguma vez pensaria que pudesse existir escravidão no digital! E eis que surge aldeias inteiras construídas para o efeito. Impunes, criminosos agindo como donos do pais, uma teia de corrupção global de esquemas digitais, e os escravos agarrados aos computadores nas minerações, nas criptos, nas burlas de vendas sexuais. Confesso que fiquei chocada com essa realidade.
Quero eu viver sustentável neste mundo onde todos olham para o lado? Onde todos simplesmente não se interessam? Onde todos só se importam com a sua mísera vida consumista, fútil e pequena?
Há dias em que simplesmente não tenho força para discutir com imbecis!
As pessoas só mudam por força maior! Com cataclismos! Com crises! E depois ainda se dizem vítimas das circunstâncias! Querem ajudas, apoios e subsídios para que possam voltar as suas vidinhas inúteis! “Eu quero é zumbas e carnavais.” “Eu quero é gozar a vida.” “Eu quero comer e beber até encher as entranhas”. “A vida só são 2 dias.” Há ditados populares que nem deveriam existir!
Eu gostava que as pessoas que correm atrás do “mainstream” zen, que praticassem o Yoga Economico. É uma prática muito zen e relaxante para a mente e para o espírito! Já para não falar de ser zen para a humanidade! O que é isso da humanidade, perguntam? Ah deixemos isso de lado que é demasiado complicado para a zona de conforto!
O Yoga Economico surgiu nos anos 70 do século passado, sabem, aquela altura dos hippies? Ya vamos la fazer uma semana de “cosplay” hippy! Já que se gosta tanto de festas, esta era uma sustentável! 😊
Os ricos, as corporações, as elites vivem num mundo a parte. A classe média tenta ter o mesmo padrão que eles, o ego é terrível. Gostava de ver esta classe média comportar-se como a nova geração de mudança. Porque dela depende a sua própria sobrevivência. Senão, dentro de uma década, só teremos 2 classes: os que estão nas tecnológicas e os que vão estar nas cavernas! Exagero? Quem me dera!
20% da população vai estar em zonas de excelência, os outros 80%, bem nem quero especular para não ofender. E o mais irónico? É que são esses 80%, que por opção, fizeram esses 20%!
Em Portugal, a deturpação de conceitos como a Sustentabilidade, Sharing Economy e por aí fora, são apenas nomes para embelezar o negócio puro e duro. Ah sim fazemos sustentabilidade, ah sim faço partilha, ah sim faço ecologia, ah sim faço aquilo que posso! Mentira, não fazem! 😊 Melhor, não fazem o que podem, fazem aquilo que lhes sobra! E o que lhes dá jeito em termos de Marketing! É esse o grande problema da saúde mental deste século! O trabalho nas empresas, a vida social impiedosa, os objectivos sem norte!
Essa é a verdadeira escravidão do século XXI, todos somos escravos do nosso ego, do ego dos outros.
Não temos tempo para parar e pensar. Não temos tempo de observar para agir. Não temos tempo de viver!
A pressa de Viver-Ter, mata a pressa de Viver-Ser!